A LECTIO DIVINA: A ARTE DE CONVERSAR COM DEUS

12/10/2021 11:28

A Lectio Divina

A Lectio Divina significa “leitura divina” é uma prática espiritual de contemplação e oração a partir da Sagrada Escritura. Trata-se de uma prática que nutre a alma e visa ao crescimento espiritual do cristão e à construção de comunhão com o Senhor pela leitura da Palavra de Deus.

A expressão lectio divina vem do latim e significa: leitura (lectio) e divina, derivado do adjetivo divinum. Literalmente, significa: leitura dos textos sagrados. A lectio divina que compreendemos hoje, é apresentada como um método de leitura da Escritura, tem suas origens no século XII.

A leitura da Bíblia foi observada pelo povo de Deus, que proclamava a Palavra de Deus de geração em geração. Por exemplo, “E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês. E leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.” (Ne 8.2-3 - ACF)

O hábito de leitura das Escrituras Sagradas continuou com os Pais da Igreja que incentivaram e realizaram tal prática, considerada “alimento celestial”. A própria expressão latina Lectio Divina surgiu durante a patrística, principalmente com Agostinho de Hipona (354–430).

A Lectio Divina foi sistematizada em quatro divisões na seguinte sequência: a lectio (leitura), a meditatio (meditação), a oratio (oração) e a contemplatio (contemplação).

A Lectio Divina não é dividida como se houvesse uma distinção entre cada uma delas; mas elas se complementam. É importante que a prática seja preferencialmente pela utilização de traduções da Bíblia que facilitam a leitura e a compreensão na simples leitura, tais como: Nova Almeida Atualizada (NAA), Nova Versão Internacional (NVI) ou Nova Versão Transformadora (NVT). Vejamos as divisões da Lectio Divina:

1) Lectio

Trata-se da leitura propriamente dita. Leia a perícope por várias vezes, com calma e atenção, mesmo que seja um texto já conhecido. O texto bíblico é poderoso nos ensinar algo novo, independentemente do quanto já tenhamos lido determinada passagem. Como nos diz o salmista, a leitura nos ensina sobre a vida com Deus: “O que ouvimos e aprendemos, o que os nossos pais nos contaram, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez.” (Sl 78.3-4 – NAA)

Atente-se ao significado de cada palavra, tomando o cuidado necessário para compreender o que o texto realmente está dizendo, e não o que você quer que ele diga. Na leitura, o Espírito Santo pode fazer com que alguma frase ou versículo em especial chame a sua atenção e penetre seu coração, pois a Palavra de Deus é Viva: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”  (Hb 4.12 – ACF)

2) Meditatio

Após a leitura, medite sobre o que foi lido. Atente para que essa perícope específica que cativou seu coração o leve a meditar sobre a verdade bíblica e o ensino do Senhor. Trata-se de uma conversa com o texto. Pergunte: “O que o texto diz para mim?”

Na meditação, observamos que a Palavra de Deus está dizendo para nós, em nosso contexto; trata-se de meditar acerca do texto e sua influência na nossa própria vida. Lembre-se que toda Escritura Bíblica é  “inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Tm 3.16-17 - NAA), ou seja a Bíblia é sempre atual e possui preciosas mensagens para hoje.

3) Oratio

Ore a Bíblia. Quando o Senhor fala ao nosso coração através da meditação da Palavra somos convidados a responder a Ele em oração. A oração é o momento em que nos comunicamos com o Senhor através da gratidão ou da súplica por perdão. Veja o que Paulo nos ensina em Filipenses 4.6: “Não fiquem preocupados com coisa alguma, mas, em tudo, sejam conhecidos diante de Deus os pedidos de vocês, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” (Fp 4.6 – NAA)

Precisamos pedir, em oração, pelo agir do Espírito Santo em nós para que sejamos direcionados pelo Pai, através Dele – o Espírito Santo – para vivermos neste mundo como discípulos de Cristo, o Filho. Veja que a trindade santa labora em nosso favor: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse.” (Jo 14.26 - NVI). Orando pedimos ajuda de Deus para fazer Sua vontade a partir da leitura e meditação da Escritura. É a leitura orante e a oração com a leitura da Palavra.

4) Contemplatio

A última divisão ca Lectio Divina é a contemplação. Trata-se de colocar a Cosmovisão Bíblica em prática. É olhar o mundo com os olhos de Deus através de Sua Palavra, perguntando: “e agora, que irei fazer?”

Depois de ler, meditar e orar a Palavra, é preciso olhar a vida pela Palavra e pôr em prática a vontade de Deus pela perícope lida, como ensina Tiago: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” (Tg 1.22 – NVI)

A prática da contemplação leva o crente a comunhão com a trindade santa através das Escrituras Sagradas. A Leitura e contemplação da Palavra produz transformação na vida do crente em Jesus, pois o incentiva a perceber quais são as vontades do Senhor e a orar ao Pai para que Ele o capacite a assim fazer.

Conclusão

A Lectio Divina é útil para nos levar a Deus em comunhão pacientemente, com zelo e dedicação. Logo, é a partir do que li, do que ouvi, meditei, ruminei, contemplei, daquilo que penetrou meu coração pelo poder da Palavra. A ação poderosa das Escrituras, consiste em fazer da mensagem, propósitos claros e realistas dia após dia, a fim de fazer-nos constantemente transformados na Palavra de Deus que é o Cristo.